Primeiro de abril de 1964 – Dia da mentira
“Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor e o povo que Ele escolheu para a sua herança”. (Sl 33.12)
“Meninos, eu vi!”
A Praça da Republica ocupada pelo Exército, o Governador Miguel Arraes de Alencar deposto e preso, recolhido às prisões militares.
Os excessos naturais do movimento armado, o povo perplexo afluindo ao Centro, os jovens estudantes secundaristas, pré-universitários, universitários, operários, excitados, frenéticos, revoltados, protestando com palavras inflamadas de ordem e comando, enchendo a Avenida Guararapes e a Praça da Republica.
“Meninos, eu vi!” “Eu estava lá!”
Do alto do quinto andar do Edifício JK, recebi ordem do Superintendente do INPS, Dr. Renato de Castro Leitão para evacuar o prédio e desligar a energia elétrica e recomendar aos funcionários partir para casa incontinenti em face da incerteza do momento. O 4º Exército aderira ao movimento eclodido no dia anterior, 31 de março de 1964, em Minas Gerais-BH.
A partir daí, os reflexos naturais da violência: prisões, perseguições, fugas, torturas, desaparecimento e mortes.
A Igreja, parte do povo, não ficou imune. Tsunami na Igreja.
Na onda do martírio, pastores, presbíteros, diáconos, membros comungantes, congregados, aficionados, particularmente os jovens.
Em meio a tanto sofrimento a Igreja cantava: “quer nas lutas, quer nas provas, a Igreja sempre caminhando...”
Que para-choque para segurar a barra?
“Meninos, eu vi!”
O Conselho da Igreja, antes “torcidas organizadas”, revestiu-se de sabedoria do alto e sensatez. Ó Glória!
A UMP inflamada cobrava firme ação firme da Igreja como instituição.
Muita coisa aconteceu na vida da Igreja que não deixou de ser Igreja.
Hoje 50 anos após, os jovens de outrora, encanecidos, pais e mães, permanecem na igreja repetindo o moto apesar da idade:
“ALEGRES NA ESPERANÇA, FORTES NA FÉ, DEDICADOS NO AMOR, UNIDOS NO TRABALHO!”
“Meninos, eu vi!” “Corta pra mim!” “Eu estava lá!”
Ó Glória! Aleluia! “Feliz é a nação...”
Presbítero Araquém de Melo e Silva