segunda-feira, 25 de novembro de 2013

SOCIEDADES INTERNAS NA IPB: É MOMENTO DE REFLETIR.


As Sociedades Internas sempre foram a cara da IPB. Ao longo da história, elas identificaram e marcaram a identidade presbiteriana e diferenciaram a nossa denominação das demais. As Sociedades Internas sempre expressaram a força da organização presbiteriana e reforçaram a federalidade da nossa denominação.

Muitas igrejas Presbiterianas nasceram através do protagonismo das Sociedades Internas. Muitos outros grandes projetos evangelísticos, missionários e sociais surgiram a partir do dinamismo de jovens, homens e mulheres organizados nas Sociedades Internas, e comprometidos com o evangelho e a denominação. Além disto, muitos dos nossos líderes – pastores, presbíteros e diáconos – descobriram sua vocação em reuniões e Congressos de Sociedades Internas. As Federações e Confederações reuniram centenas de jovens em Congressos por todo o país. E nas Igrejas locais, os Conjuntos musicais formados por crianças e jovens abrilhantaram os cultos com cânticos singelos e vozes bem afinadas. Mas hoje a realidade é bem diferente na maioria das Igrejas Presbiterianas por todo o país. A situação enfrentada pelas Sociedades Internas na IPB é deveras preocupante. Há vozes na denominação que defendem a extinção das Sociedades Internas e a substituição por outros modelos. Há até Igrejas que já implantaram outros sistemas em detrimento das Sociedades. Há outras igrejas em que as sociedades acabaram e nenhum modelo novo foi implantado. E há muitas igrejas onde as Sociedades Internas caminham em petição de miséria. O que fazer? Há solução para as Sociedades Internas na Igreja Presbiteriana? Elas deveriam ser extintas? Eis alguns questionamentos que merecem respostas.

Em primeiro lugar, quero deixar a minha opinião de que não creio que as Sociedades Internas devam ser extintas. Elas são muito úteis às igrejas locais e à IPB. O modelo é excelente. A grande questão é que o modelo precisa ser revitalizado, e o objetivo original precisa ser resgatado. A história mostra que as Sociedades Internas nasceram do desejo de crentes em diversas regiões do país de se organizarem para trabalharem na obra de Deus. Assim nasceu a SAF, por exemplo: "As senhoras, membros da Igreja Presbiteriana de Pernambuco, reuniram-se em uma Associação Evangélica, com o fim de estudos bíblicos e arrecadação de fundos para auxílio aos necessitados e à Igreja e, no dia 11 de novembro de 1884, houve a reunião de instalação desta Associação, tendo sido eleita Presidente a Sra. Carolina Smith. Temos aí a primeira SAF. Após esta muitas outras foram sendo organizadas e hoje temos Sociedades Auxiliadoras Femininas em todos os rincões de nosso país".

Uma história parecida pode ser contada no surgimento da UMP: "Em 1936 os jovens das centenas de igrejas presbiterianas do Brasil já estavam se organizando sob vários nomes, como por exemplo: Sociedade de Jovens, Sociedade Heróis da Fé, Sociedade Esforço Cristão, etc. O Supremo Concílio então recomendou que os pastores dessem todo o apoio para que os jovens se organizassem em cada igreja sob o nome de União da Mocidade Presbiteriana (UMP)".

A UPA nasceu em 1967, a partir da visão de uma irmã, membro da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, que "sempre chegando mais cedo aos cultos, percebeu a necessidade de se trabalhar com o grande número de adolescentes que também chegavam mais cedo e que não possuíam nenhuma atividade direcionada. Preocupada com essa questão, Dona Dorcas solicitou o uso de um dos salões da igreja, para se reunir com os adolescentes". A preocupação da irmã era ensinar aos adolescentes oportunidades para evangelismo pessoal, gincanas bíblicas, louvor, teatro entre outras atividades.

Percebe-se que as Sociedades Internas nasceram a partir de inquietações de membros de igrejas, inflamados pelo desejo de contribuir com a obra de Deus nas igrejas locais. As Sociedades Internas nasceram não como um fim em si mesmas, mas com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento das igrejas locais. Isto fica evidente quando o Manuel Unificado das Sociedades Internas define os objetivos específicos dessas Sociedades: a) cooperar com a Igreja, como parte integrante da mesma, nos seus objetivos de servir a Deus e ao próximo em todas as suas atividades, promovendo a plena integração de seus membros; b) incentivar o cultivo sadio de atividades espirituais, evangelísticas, missionárias, culturais, artísticas, sociais e desportivas; c) promover uma salutar convivência com os outros Departamentos e Organizações da IPB e também com denominações evangélicas fraternas.

O que percebemos em nossos dias é um esfriamento preocupante de muitos membros das igrejas locais em relação às Sociedades Internas, e um desinteresse abismal de muitos líderes e Concílios em discutir sobre esse assunto. Estamos assistindo passivos à desconstrução do modelo de Sociedades Internas sem oferecer qualquer resistência no sentido de fortalecer ou revitalizar o sistema. A engrenagem formada pelas Sociedades Internas está parando, e junto com ela, a IPB. É necessário criar mecanismos que fortaleçam as Sociedades Internas na nossa Igreja. É urgente que a IPB faça uma reflexão sobre esse assunto e planeje ações intensas a fim de reerguermos as Sociedades Internas. Sou contra a extinção delas, mas não creio que o modelo, do jeito que está, dure muito tempo. É preciso pensar e agir rápido.

As Sociedades Internas são importantes instrumentos para a formação de lideranças nas Igrejas locais. É nas reuniões e Congressos que muitos jovens aprendem a liderar. Nas Sociedades Internas podemos ensinar nossos jovens não apenas como presidir reuniões, mas como liderar equipes. Crianças, adolescentes e jovens treinados pelas Sociedades Internas terão condições de ser os futuros líderes das igrejas locais. Muitas Igrejas Presbiterianas pelo Brasil não têm homens para assumirem o presbiterato e o diaconato. Isto é resultado de falta de preparo de novas lideranças nas Sociedades Internas.

As Sociedades Internas são importantes instrumentos para evangelização. Através das Sociedades Internas a IPB pode alcançar estrategicamente diversos segmentos da sociedade. Crianças evangelizando crianças, adolescentes evangelizando adolescentes, e o mesmo acontecendo com jovens, homens e mulheres. É necessário haver organização e equipamento para tais ações, por isso os Conselhos precisam trabalhar com planejamento.

As Sociedades Internas são importantes ferramentas para desenvolvimento de dons e ministérios. Não há necessidade de substituir as Sociedades Internas pelo modelo de ministérios, pois cada crente pode, na Sociedade Interna correspondente à sua faixa etária, desenvolver o seu dom. É necessário haver mecanismos para se descobrir esses dons e oportunidades para que sejam desenvolvidos.

Creio que a discussão em torno das Sociedades Internas é muito mais abrangente. Por isso acredito que a IPB não pode continuar passiva em relação ao tema. Precisamos de um olhar consciente na nossa realidade e, ao mesmo tempo, uma ação estratégica a fim de se descobrir fórmulas para se revitalizar as Sociedades Internas. Que tenhamos coragem de começar a agir. Acredito que será muito difícil manter uma estrutura gigantesca como a IPB, se continuarmos perdendo a força das Sociedades Internas. "Mãos ao trabalho, todos!"


Fonte: http://creioeconfesso.blogspot.com.br/2009/11/sociedades-internas-na-ipb-e-momento-de.html

 


Diácono Maciel de Oliveira

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